Quando criamos, nós direcionamos tudo o que sabemos sobre o segmento de nosso cliente para o que estamos produzindo a fim de alcançar com maior propriedade possível o inconsciente do consumidor final do nosso produto.
Outro dia conversando com um colega de profissão, ele me contou que escreveu um artigo que seria uma análise das camisas dos clubes de futebol, um comparativo entre o design europeu adotado versus o brasileiro; há muito tempo penso em fazer algumas considerações sobre o design no futebol, o futebol no meio do design, enfim… chegou o dia e a hora certa.
Minha relação profissional com o futebol é na construção da persona do torcedor através do design. Da mesma forma que todos os consumidores, os torcedores também se identificam e absorvem informações, e esse processo é potencializado pelo alto grau de interesse envolvido.
Analisando o processo criativo orientado a propaganda e ao direcionado para o futebol concluí que a percepção do torcedor é muito mais aguçada para as falhas que fatalmente acontecem. Eu mesma tive dificuldades em trabalhar as cores do Santa Cruz Futebol Clube/PE no começo da minha jornada profissional no futebol (porque eu nunca podia juntar vermelho com branco, nem vermelho com preto) então me sentia de mãos atadas na hora. A experiência, a percepção e o envolvimento da torcida permitiu que eu entendesse o que era lindo e o que era inadmissível. Por este fato, exige-se uma atenção mais especializada por parte dos clubes de futebol ou detentores de licença de marca na hora das contratações para o departamento de criação e planejamento.
Um ponto bastante peculiar é que trabalhar com comercialização de produtos relacionados ao futebol inibe o senso minimalista que muitos designers valorizam bastante, pois, apesar de não agradar a quem determinou um estilo a seguir ou a um crítico, trabalhar a paixão é relacionar o que está a venda com o que eles sentem, vivem e são capazes de reconhecer mesmo não estando em situações propícias a isso. De forma alguma justifica-se a péssima qualidade que estamos acostumados a observar no mercado, afinal de contas, a direção de arte tem que ser sempre muito bem resolvida, trata-se da interpretação do designer em relação à necessidade suprimida (poucas vezes óbvias) do torcedor.
O investimento nesse segmento é cada vez maior, não só no futebol, mas os esportes de uma forma geral estão ganhando um destaque maior na cabeça de quem aposta em patrocínios pra gerar experiência de marca, e de cinco anos para cá, a função do design ganhou espaço expressivo em clubes brasileiros.
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